Arquivo do blog

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Porelli - parte 2

O senhor têm razão, o dia de hoje merece uma atenção especial. Ainda não tenho o poder de exprimir tudo em poucas linhas. Mas sim, eu me senti bem. Ainda me sinto. Há dias e dias.. Nem sempre o sol brilha tão forte.. é preciso descansar. A loucura que é querer romancizar tudo. ha. A loucura que é enlouquecer por feixes, por frestas. Poderia dizer que se aproxima a fugas, mas é muito mais do que isso. É insensato? Sim. Mas são os momentos mais verdadeiros, de abandonar a razão para algo que grita além de uma necessidade. Esse prazer que sinto ao ouvir risadas enquanto olho para o céu. Olhar pessoas, não para julgar ou para reparar em algo, apenas olhar. Admirada por cada detalhe, e são tantos. São tantos detalhes que constroem esse todo. (Já é o terceiro ciclo de repetição, ainda não acredito que o encontrei) Não têm nada a ver com paixão, amor, sexo, mas as imagens e sensações que ficaram: O toque quente na pele arrepiada e gelada; o olhar e o sorriso que perduraram no tempo breve antes de chegar à consciência; afago no rosto enquanto acontece a conversa; beijo na palma da mão com os olhos fechados (teria entrado em seu próprio mundo?); a lua cheia, enorme e luminosa, que antes atravessa o parabrisa e depois se torna espectadora, junto ao campo e ao mato alto; a respiração que embaça os vidros. Corri atrás de um automóvel e por um momento achei que seria possível alcançar. E mesmo assim ainda não foi suficiente para aprofundar na sensação de hoje. Hoje vi pessoas, abracei pessoas, beijei pessoas, conversei com pessoas, olhei pessoas. São os traços a lápis, estão desenhando esse complexo resultado metamorfoseante. 

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Geleia de Amora

Acabei de ver uma postagem da minha primeira prof de teatro. Lembrou-me um dia em que eu saí da aula de dança e não parava de chover.. estava com guarda chuva, mas preferi simplesmente não abrí-lo. E então eu via pessoas correndo em todas as direções, até que comecei a me ver, leve, em paz, com as gotas geladas me tocando ao cair. Só faltou dançar pela rua! Talvez seja nostálgico mesmo. Mas na verdade pra mim está entre o melancólico e o ápice do preenchimento que sou capaz de sentir. O desenho das gotas e as direções, cor cinzenta, o cheio úmido, a brisa gelada, o som acalentador. E hoje, aquela figura se misturava a janela.. queria perder mais do que poucos segundos admirando. É estranho esse ponto de não saber onde está ou para onde vai. Mas na verdade não adianta querer tentar fazer algo a respeito, porque de fato nem sei o que quero. O cheiro ainda paira no ar. Engraçado, têm um cheiro específico, né? Mesmo que não deixe vestígios. De parecer errado.. o quê eu tô fazendo então? Tô nessa.. E é também confuso.. porque ao mesmo tempo que penso que sou algo, têm o apego. O aconchego de abraços quentes, afago, beijos esporádicos de diferentes intensidades. Acontece de forma natural, não sei se dá pra controlar. Acho que só aceitar a efemeridade de cada momento, e também do todo. Uma hora nós dizemos adeus e vamos para outros lugares, outras pessoas, outras experiências. Sendo sincera.. essas trocas de olhares zoam com a vida, né? E então nos levam para uma outra dimensão, de imagens e verdades absurdamente impossíveis (as vezes possíveis). Sempre no lado oposto, as vezes com sorrisos, outras vezes só uma energia que se estabelece mesmo.. e fica, paira, acompanha. Só pensar nesse silêncio como algo natural. Preciso de tempo, você também. 





Ai, Phill.. 


(Só faltou a respiração acelerada e aqueles suspiros de prazer)
((gosto do seu beijo))

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Branco e ocre

(Traduza metade, metade vira estado)

Tá pingando chuva pela fresta da janela. E entrando esse cheiro fresco, úmido, gelado. Fazia tempo que não chovia. E eu achei que nunca fosse chover. - anda meio difícil de escrever, não por falta do quê, mas por esquecer vogais e consoantes: escrevo parto sem r, escrevo tiara sem i -. Fechei a fresta da janela e agora ficou bem escuro. Escuro, é assim que tem que ser. Pra dormir tranquila, ouvindo os pingos atingirem com força a minha janela. E do ponto para o ponto seguinte, eu mudo de ideia. E também de contexto. Muitos pontos, muitos "daí". Daí eu chego, daí eu cumprimento, daí eu explico com daís, daí eu me despeço, daí eu vou embora. Ouço algo nesse momento que faz parecer como se não houvesse dúvidas. Mas há.. ô se há! E de como uma coisa pode afetar tantas coisas, e pode desencadear outras tantas. Eu me lembro.. Foi há quatro anos, eu também fiz a mesma coisa para tentar, no mínimo, aliviar a dor. Mas foi assim que "aprendi", ou venho tentando aprender.. Então paro para pensar, em todas essas coisas, de amor, - e amor 'tá tão gasto que prefiro gostar - de liberdade, de egoísmo e de "o que estou fazendo com a minha vida?". E não tenho resposta para nenhum dos pontos. Pra mim tá bom, pra não dizer ótimo, da forma como está. Sorrio em lembrar das últimas semanas - viajar sozinha, esquecer do celular, conversas eternas, Esse dia cinza.. tão lindo. Mamãe disse que chuva é bom sinal, e desde então eu sempre acredito nisso. Pra encerrar a semana e começar o fim, só podia parar de chover no domingo.. pra não ter perigo de morrer eletrocutada.

As vezes dá uma vontade de olhar para as pessoas e ficar olhando e olhando e olhando. Digo isso três vezes para não pensar que é mero acaso a repetição das palavras (AF de alguém). Essa junção de PRA + O é intrigantemente sonora. Dá vontade de olhar até ter certeza de ter capturado cada traço e cada textura. Até conseguir ler cada pensamento. Mas realmente.. passa em segundos, se não menos. Eu sempre penso como é, no mínimo, engraçada a forma como as coisas acontecem, e como estamos tão ligados, mesmo que nem ao menos nos conheçamos, por outras pessoas. De conhecer alguém, num lugar aleatório, e essa pessoa estar ligada a alguém que também está ligada a ti. E que se você soubesse, mudaria completamente as coisas.. Mas agora que sei, mudou completamente as coisas.. Falo do cinema. Esse comecinho..  eu estou tentando lembrar de onde é essa sensação. Tenho achado cada vez mais injusto ter de viver por outrem. E então talvez daí venha o meu entendimento e o porquê de finalmente termos nos entendido. A efemeridade das paixões.. talvez seja só não tentar prolongar quando estiver para acabar. Como uma pasta de dente, se economiza para não acabar ela acaba por não fazer o trabalho bem feito. E ela vai acabar. E não penso nisso para viver num conformismo, mas justamente para viver. Dá aquele frio na barriga, sabe? De pensar até que ponto vai acontecer.. mas então vou descobrindo ao longo do caminho, até porque seriam como previsões do tempo. No fim eu acabei nem dormindo.. Mas está bem assim.. Essa baixa autoestima um dia acaba comigo. E aquela forma firme, eu aguardo. Imagens. 

Suspiro profundo, antes de trocar mais algumas letras e ter de apagar e reescrever. Eu estou bem, incrivelmente.

sábado, 3 de outubro de 2015

Hormônios

Engraçado como as sensações afloram assim. E pensar que um simples toque fosse causar tudo isso. De voltar pra casa, olhar tudo e ver nada. Lembro de alguns prédios atrás de algumas casas, do outro lado da rua. E aquele frio na barriga e ânsia. Muita ânsia em momentos específicos. De considerar aquele o melhor almoço e depois embrulhar o estômago em segundos. Daí o coração acelera e todo o foco se concentra numa mensagem. Será que essa volubilidade se concretiza por meu corpo ser água - sem água? E então deve dar errado no fim dos cálculos.. tanto para positivo quanto para negativo. Eu queria só um segundo a mais.. já seria suficiente. Acho que tá meio dividido entre o ver, receber, compreender, responder. E daí o tempo só é suficiente pra atingir o receber. Mas compreender é perigoso também. Na verdade seria ainda pior. Essa agonia é angústia. E ao mesmo tempo fico me perguntando pra quê ter pressa.. São esses hormônios por demais aflorados.. é, pode ser. Hoje.. e já vai fazer 3 meses. Ele provoca.. fica provocando.
Uma hora vai ficando chato falar não pra tudo. Sinto como se não soubesse de nada.. e acho que não sei mesmo. Então, ao mesmo tempo que é legal estar no meio, é frustrante.
Fico lembrando porque é a única forma de acreditar que algo realmente aconteceu..
A madrugada, afinal, se aproveita pra me embriagar e permitir que faça aquilo que em outros horários eu não faria. Poderia colocar a culpa no sono, mas não é. Muito menos álcool.

Quem sabe o que vou entender disso daqui uns anos..