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quarta-feira, 28 de março de 2012

Primeiro dia de aula

Escrito em 08 de fevereiro de 2012
Ainda me lembro de quando minha mãe entrava comigo até as salas pequenas e aconchegantes. Deviam ter apenas umas seis mesas quadradas grandes, a qual comportavam quatro pequenas cadeirinhas cada uma. Eu cabia em qualquer uma dessas cadeirinhas. E isso há mais de dez anos.
Hoje também foi o primeiro dia de aula, e minha mãe também me acompanhou até minha sala. Mas doze anos depois, o primeiro dia de aula não tem mais o mesmo cheiro de inocência. A sala estava assustadoramente vazia, apenas com mochilas em cima das carteiras bege.. ou seriam azuladas? E aquela sensação de que todos a perseguem com os olhos, boca e tudo o mais que o pertencer.. má notícia: quem me dera fosse apenas sensação.
O calor nem chegava a incomodar. Mas lá sentada na quarta cadeira do canto direito, olhava pela janela e via topos de arvores. Nada parecido com um espaço vazio e pessoas descendo e subindo as quatro escadas.. Os meus colegas de classe? Bem, choque de culturas exalando, ou seria apenas eu enfiada em meu livro, sendo a garota anti social de sempre? Ok, assumo metade da culpa. Mas ainda é estranho ver garotos de bota e não de nike, red nose ou adidas.. Sinto falta deles mais do que imaginaria que sentiria.. e justamente hoje, meus créditos finais resolveram me abandonar. Bom, eu tive uma redação para me consolar. – Piada.
A verdade é que eu não faço questão de fazer amigos por aqui.. porque mesmo que fizessem plástica com o melhor cirurgião, ainda assim, não seriam meus amigos a qual verdadeiramente pertenço. E se eu pudesse, nunca mais iria à escola.. teria aulas particulares e ponto. Mas logo alguém estoura minha bolha de imaginação.. é claro, a maldita da realidade. Engraçado que eu olho para trás e não há uma coisa que eu me arrependa de ter feito ou não ter feito.. apenas o tempo que se limitou de uma aula a outra. Mas queria poder abraça-los, dividir bolo com eles, cantar o parabéns e agitar a sala, conversar com os novatos.. “plop” outra agulha – a realidade vai me multar se eu continuar sonhando.
Pelo menos hoje tive com o que me divertir. Se Dan estivesse aqui, sairíamos fazendo nossa careta ¬o¬, mas como eu estava sozinha, então resolvi estampar minha cara de esnobe entediada mesmo. Aposto que Dan iria sentir orgulho da minha performance.. ou não..
Enquanto eu estava sentada esperando, um cara interessante sentou ao meu lado. Claro que não virei para ver, faz parte da minha performance de mal humorada. Acho que estou representando o Iago bem.. Bom, a parte engraçada, é que quando ele levantou, realmente tinha um rosto bonito, entretanto seu corpo era de uma garota. Nada de seios, caso seja o que você esteja pensando, mas pernas finas e uma cinturinha corpo de violão. Sorry then, baby. E enquanto eu me segurava para não sair do papel, o atendente do Guichê 3 me encarava arduamente, como se me incriminando e ao mesmo tempo me desejando. Um tanto doentio.
Na volta, um cara de olhos de vidro me secou, outro numa moto me observou enquanto eu atravessava a rua, e outro de olhos claros apenas olhou. É garotos, nunca subestimem a visão de uma garota. E eu não sei o porquê de me observarem, aliás, aqui nesse lugar, sou a garota mais desbundada que existe. Mas o que eu quero dizer é que olhos de vidro são lindos, olhos claros encantadores, mas tudo o que eu queria era poder olhar dentro de seus olhos castanho-escuros, até que ele murmurasse um ‘hm’ baixinho, franzindo de leve suas sobrancelhas e virasse o rosto. E talvez eu não consiga olhar para ninguém sem comparar a meus amigos e a pessoa que eu amo. É, essa é a realidade.. feliz agora, estouradora de sonhos?
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Eu até pensei em descrever o copo meio cheio, mas parece cada vez mais difícil encontrar uma gotícula de água pra fazer essa diferença.. e beleza é apenas algo subjetivo.

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