Sensalgia

Fim de ano exala uma energia diferente, grande. Mesmo não estando de férias consigo senti-la. Não pelas toneladas de produtos natalinos à venda nos mercados. Não pelos alunos entrando de férias. Não pelos presentes ou amigos secretos. É o clima, sabe? O cheiro quente, abafado, por vezes úmido. É a forma chiada e abafada como as mesmas músicas do ano inteiro soam. São as lembranças dos anos passados. São os vestidos e seus movimentos. 

Vai vindo aquela nostalgia. Verdade, talvez a energia venha da sensação de estar acabando outro ciclo. De deitar a cabeça a noite e lembrar do que aconteceu ao longo do ano. Trocar momentos bons e momentos não tão bons. Do começo pra cá, tanta coisa mudou: rompeu, pausou, reaproximou, reviveu, surgiu, cresceu, libertou~ e tantos outros verbos que nem imaginava que poderiam acontecer nesse ano. Estou apaixonada - de verdade. E isso é só mais um dos fatos que não esperava, ainda mais nos minutos finais do ano. De sorrir ao longo das conversas e fantasias. Imaginar esses momentos com uma vivacidade talvez mais real que a própria realidade. Eu tô é impressionada com esses círculos que a vida tá dando. E esse final de ano foi o tempo de voltar ao ponto inicial de muitos ciclos. 

Falei de imagens: corpo livre, acariciando os cabelos de alguém; praça bem iluminada, mas temperatura amena, e um vento forte com cheiro de mar que faz voar a saia do vestido; cheiro de casas desconhecidas (madeira, iluminação mais amarelada). Têm me perseguido há uns dias - tenho sentido.

Tô sofrendo por ansiedade. Se fôssemos passar o ano novo juntos passaria mais rápido.. ou demoraria ainda mais pra chegar. Nesse turbilhão de sensações que não consigo definir, eu quero chorar. Da algia, o sufoco. Pra ver se alivia um pouco e espalha/divide com outras pessoas. 

A autoestima não está legal. Nada legal. Mas essas imagens têm sido boas. E mesmo que seja só ilusão momentânea, como da última vez, tô aproveitando. Mesmo que mais uma vez não o conheça, está sendo vivo. Só queria poder abraçá-lo. 

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Fechar os olhos pra deixar o coração dançar um pouco, sem limites.