As lembranças, bem.. agora, na maior parte do tempo elas tem a função de me assombrar.
Ele poderá nunca entender isso, mas eu o encaro para que possa sempre lembrar dele. Algo além de uma simples foto, a visão de um angulo único, o meu angulo. Porém, as memórias não me permitem isso. São apenas a minha voz narrando algo que tenha acontecido, e a visão só se faz nítida durante os sonhos. A sensação de estar em seus braços, não é ativada pela memória, mesmo que eu tente me aninhar da mesma forma nos braços de outra pessoa, ou mesmo que eu me auto abrace. É, seu perfume não ficará mais preso em minha roupa, e eu não poderei mais abraçar minha camisa para dormir. E havia tanta coisa a dizer, mas um simples toque fazia mares quererem transbordar pelos meus olhos e eu tentava empurrá-los de volta enquanto fungava com o rosto enterrado em seu casaco. Porém a pior parte: Não haverá uma outra chance. "Ichi-go ichi-e"
E quando meu pai finalmente chegou, talvez tenha sido um alívio. Lágrimas escorregaram uma atrás da outra, como crianças num toboágua pela primeira vez. E quando ele foi embora, lá com a cara no portão, me senti como aquela criança outra vez, como sempre fazia quando ele saía para trabalhar. E da mesma forma, ao ouvir as promessas - 'por favor, diga o meu nome mais uma vez, quero lembrar de como sua voz soa aos meu ouvidos' era isso e só isso o que eu conseguia pensar.
Eu não sei bem o que é melhor.. promessas, ou não promessas. Talvez as promessas doam menos, mas se não cumpridas, machucam mais a longo prazo. Porém a ausencia de promessas, essa doi.. Ao pensar realmente que não haverá futuro, um ano jogado para o ar, doi.. e como doi..
Os casais passavam ao nosso lado, a nossa frente.. E me pergunto, por que quando as pessoas se gostam, ou se amam, complicam tanto as coisas? A vida já faz isso por nós, deveríamos aproveitar cada segundo, porque é um segundo único e especial.
No caminho, queria absorver cada detalhe, mas logo percebo que não conseguirei guardar a forma de cada janela que eu vi.. Foi a última vez que eu olhei por aquela janela. As últimas vezes, as despedidas.. pois é, um dia eu aprendo a dizer Adeus.
--------------
Ele sempre será ele..
O teu texto me comoveu hoje,de certa viajei junto com as tuas palavras.
ResponderExcluirAs tuas palavras soaram de forma diferente,tudo tão belo e delicado,mas ao mesmo tempo cruel.
Uma mistura de memória e saudade,um grito que o tempo tenta abafar.
Acredito que as palavras de um dos meus poetas preferidos possam resumir,tudo que foi dito acima.
"Saudade
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido".
Pablo Neruda
http://www.youtube.com/watch?v=n_CEKlVJoOw&feature=related
ResponderExcluirEscute essa canção,por favor !
Nossa, gostei muito da música! O instrumental passa um sentimento de aflição pra mim, meio o que sinto agora.. E não conhecia esse poeta.. todos os poemas dele são nesse estilo?
ExcluirPablo Neruda foi um grande poeta,ele ganhou um nobel de literatura.
ResponderExcluirA maioria de seus poemas fazem uma declaração de amor à América Latina,tanto que o seu principal livro de poemas é o "Canto Geral".
Porém há alguns poemas como esse que te enviei.
Fico feliz que tenha gostado da música,essa música é de uma banda portuguesa que eu gosto muito.